quinta-feira, 2 de abril de 2009

Aquecimento global: e eu com isso?

Desde cedo sempre trabalhei na roça, arei, plantei, agüei, colhi, comi, vendi, e tudo sumia da noite pro dia. Mais nós num se desesperava! Quando a noite caía ajoelhava e rezava. Sem muito que fazer antes de adormecer deitava e brincava, e assim a numero de menino aumentava. Seca sempre existiu, chegava assombrava e ia embora, no dia de São José um dia pra não sair da memória, cheio de historia e tradição, zabumba triângulo e pandeiro animando o povão, uma caninha branquinha descendo pela goela até o romper da aurora. Trazendo do céu a glória, molhando a terra que tudo que se planta dá, nos enchendo de esperança e de energia pra trabalhar. O tempo vai passando e tudo mudado, a seca perdurando matando o gado, o mato seco no roçado, o balde seco no cacimbão e o vento levantando a poeira do chão. Tudo isso sem explicação, e nós sem saber se é castigo ou maldição. Eis que chega um povo todo animado, todo mundo de branco muito bem arrumado, se dizendo cientista pesquisador da universidade do estado. Queriam eles saber como sobreviver num lugar assim tão deteriorado, onde a quentura mata o gado, depena as arvores e racha o solo. Nós vamos vivendo como dá. Agora quero saber de vocês que vieram lá da capital, oquê que ta acontecendo? O que é esse calor infernal? Porque não posso plantar mais nem no meu quintal? Eles responderam sem pestanejar que era culpa de um tal de aquecimento global. Eu disse, traga esse cabra aqui que eu vou amarrar ele num pau e da uma surra de jurema, que vocês vão sentir até pena. Os cientistas disseram que o aquecimento global é muito importante e que em breve o mundo vai sofrer as conseqüências dos maus tratos e abusos cometidos ao meio ambiente. Pensei... matutei... Mais cá pra nóis: e eu com isso?